quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Saudades da meia-noite e do meio-dia

Escrevo. Escrevo-te. Escrevo-me. Porque como alguém disse um dia, o "papel tem mais paciência que as pessoas", daí que numa folha em branco posso expressar os meus pensamentos: dos mais solitários aos mais extrovertidos, dos mais melancólicos aos mais festivos. Mas o que sobressai, pintado a tinta nesta folha pálida, é a saudade. Amargurada saudade, que se apoderou da minha mão e vai desenhando o teu rosto. Vai moldando poemas que a minha voz não foi capaz de proclamar. Rabisca suspiros de amor, que um dia ficaram engasgados pela dor. E tento respirar um pouco, mais devagar, antes que a saudade me chegue aos olhos e se deixe fluir pela minha pele. O corpo ardente, envolvido pela febre das palavras eloquentes, deixa-se cair. Não cai desamparado, mas vai deixando que as forças se dissipem, vai deixando que aquela febre imensa se espalhe, pela noite fria que corre lá fora. Bem tento que o sono não se apodere ainda de mim, e que a saudade não me deixe só. Só ela é capaz de me lembrar dos momentos em que o teu sorriso iluminou a tempestade que em mim habitava, só ela me faz sentir o toque dos teus lábios. Mas é ela que me enlouquece! É ela que me faz rasgar o silêncio deste quarto. É ela que me dilacera o corpo e a alma. É ela que me magoa o ego e, me faz querer rastejar pelo chão em busca de um pouco de amor. Matem-na já! Eu não sou capaz... Não, não a matem!! Odeio-a, mas quero senti-la mais um pouco, para poder ficar junto a ti só mais um instante

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