terça-feira, 27 de setembro de 2011

Montanha

Difícil é começar, fundamentar uma história. Arranjar argumentos válidos e verdadeiros para engrandecer a tese. Ás vezes, andamos perdidos no meio do dicionário, á procura de palavras que nos cativem, que nos levem a novos estados de escrita. Porém, por outras vezes, deparámos-nos a escrever do nada, guiados apenas pelo sentimento, as palavras fogem-nos do cérebro, querendo ser as primeiras a serem escritas… É caricato que neste momento estou a escrever e a olhar para uma paisagem incrível. Que me chama á atenção pela sua forma irregular, conjugando o verde das árvores e da erva com rochas sólidas e escarpas apontadas para o céu.
A vida é como este aglomerado de montanhas. Começando na base, vamos subindo até ao ponto mais alto. Contudo pelo meio, sabemos que temos subidas, descidas, muitas vezes ficamos á beira do precipício, outras ficamos a reabastecermos-nos num rio ou numa nascente, e por outras até ficamos parados a apreciar a paisagem que nos envolve. Esta simples analogia nasce porque a vida já me ensinou a subir a minha montanha. Já me mostrou que não posso ficar parada no tempo á espera que venha alguém e que suba por mim. Já me ensinou também que no momento em que estamos a derrapar, a ficar para trás, e sem forças, é quando temos de dizer que não! Que somos mais fortes que qualquer adversidade física ou psicológica, que qualquer obstáculo, que qualquer entrave que se atravesse no nosso caminho. Aí a força virá mostrar a sua natureza, irá destacar os mais aptos, os mais capazes!
Todo este verde me faz lembrar a esperança, que nunca deve morrer! Porque é ela que grande parte da nossa vida nos guia nos serve de consolo, que nos motiva a continuar, a caminhar. A esperança de ter uma vida melhor, de ser alguém saudável e feliz. De conseguir realizar todos os nossos sonhos. O que nos move? É a paixão que temos pelo que fazemos, e é por isso que não baixamos os braços, não deixamos que as nossas pernas cedam á pressão nem ás dores.
Podemos até tentar descrever esse sentimento, mas só ao longo da nossa vida o vamos descobrindo verdadeiramente, e eu, ainda tenho que caminhar muito. A minha maior montanha ainda está por alcançar…
Há momentos em que o alento para continuar cresce, e a caminhada torna-se mais fácil, quando a caminhada se torna árdua só temos de acreditar até no impossível, porque tentando consegue-se tudo. O ego domina-nos a alma, o nosso coração domina-nos a vida!

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Estranho o amor

É estranho o sentimento que nos envolve numa harmonia constante com a vida, é estranho o facto de nos conseguir transformar e de nos auto instruir. É estranho poder assimilar a este sentimento outros que são por norma nefastos e perigosamente destruidores. É estranho, nunca ninguém se ter deparado com este sentimento e é também estranho que todos o admirem embora nem todos o tenham experimentado verdadeiramente. É contraditório por si mesmo, é explosivo e calmo, mata e cria vida! Faz-se tudo quando se está apaixonado, loucuras triviais que se transformam em grandes e lindas declarações de amor, o amor torna cada singelo gesto num grande acontecimento, faz de um sorriso uma fotografia de um céu estrelado, faz de um olhar um livro de palavras por dizer e que nem precisam de ser ditas… Faz de um beijo um festival de fogo-de-artifício!
O amor faz-nos capazes de realizar impossíveis, torna-nos grandes e imponentes. Somos no nosso mundo os Reis e rainhas. Somos como um campo na primavera, em que a todos os instantes brotam novas flores para mostrar a sua grandiosidade e a sua beleza que durante um longo inverno permaneceu adormecida. Nós somos como as flores quando nos apaixonamos, ao abrirmos o nosso coração, abrimos a nossa beleza para o mundo, mostramos a todos quem realmente somos e quão belos também. Será repetir mais uma vez o que toda a gente sabe, ou pelo menos quem já participou deste arraial de sentimentos, mas o amor cura o mal dentro de nós, transforma-nos em pessoas transparentes, cúmplices de nós mesmos, não há lugar para a mentira ou para a falsidade, quando o sentimento é verdadeiro todo o nosso percurso é verdadeiro, toda a nossa conduta se torna completamente aparte do mundo real, e daí que “o nosso mundo” é um mundo de fantasia, surrealismo… Onde tudo é perfeito, onde ninguém pode estragar a nossa alegria e os nossos sonhos.
O problema é a percepção do mundo real, e portanto dos sentimentos comuns, mas também dos sentimentos que andam de mão dada com o amor… As saudades! Ai matem-nas por favor! Senão elas é que nos matam …

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Entrega vibrante

O sangue corria gélido pelo corpo. Irrigava os músculos de uma forma grotesca! O coração não parava de bombear sangue, com aquela correria toda, a adrenalina festejava e espalhava nervosismo, ansiedade e medo! Nem se notava o ar entrar, de tal rapidez com que fluía nos pulmões; as mãos já estavam a transpirar, e todo o meu cheiro percorria e preenchia o meu ser.
Tinha pressa de chegar. O meu corpo ansiava-o em demasia, expectante o desejo crescia, como um monte de folhas caídas das árvores no Outono, e desta mistura de sentimentos, resultava um brilho inquietante nos olhos, uma esperança perdida no tempo, uma memória atrasada no pensamento... Até ao instante em que senti os seus lábios. Calei-me e permaneci em silêncio, congelada, presa no instante! E logo me entreguei, sem que pudesse pensar no contrário... envolvi a minha alma, deixei-a apaixonar-se, viciar-se, inquietar-se, empolgar-se... deixei-a livre por uns tempos, e vi-me feliz, perdida no perigo de uma aventura quase irreal, mas feliz...
Desejada! Pelas mãos que me tocaram, pelos lábios que me enterneceram, pelos olhos que me espiavam, pelo corpo que me aquecia.
Viciada! Na voz que me encantava, na mistura de sabores, na saliva, na pose, nos gestos... nele.
Sabe sempre a pouco! E quando a palavra "adeus" surgia, o coração ficava apertado, e os olhos se enchiam como barragens no inverno. Seria pedir demais permanecer a seu lado?! Seria pecado tal felicidade? É castigo não poder usufruir de um momento escasso de completa euforia e ao mesmo tempo um momento de paixão, loucura, desejo carnal! É um banho de água fria aperceber-me que é já passado, toda a emoção que sinto no presente.