terça-feira, 30 de agosto de 2011

Hoje vida, amanhã queda

Inspiro o ar que me rodeia em busca de algo novo, algo que me surpreenda, algo inovador e, apesar de estar disposta a aceitar todas as ideias reluzentes que me apareçam, nada me cativa. Fico perplexa com o peso do ar á minha volta. Só de o inalar sinto-me cansada, sem vitalidade, o que outrora não acontecia. O ar está abafado, sufocante até! Sinto-me adormecer, num encantamento pouco comum… O que será isto? Pergunto. Há alguma coisa que não bate certo em mim, não têm sentido as minhas palavras, muito menos as minhas frases, estou desorientada, perdi-me no dicionário, e agora invento um caminho para dar de novo sentido ao que escrevo. Parece simples a vida quando se escreve sobre ela, parece que todos sabem o significado dela. Mas saberemos mesmo? A vida para alguns é tão fugaz quanto uma prova de 100 metros, e vivem-na de uma forma tão imprudente que chega até a dar pena do que perderam, mas há gente feliz assim… Por outro lado, a vida para outros, é como um corta-mato. Cheia de altos de baixos, momentos em que parece que patinamos na lama, e outros em que quase nem tocamos no chão, dando só pequenos impulsos de força e determinação. E depois há ainda as subidas, que nos levam ao limite de nós próprios, e aí se vêm quem realmente tem pernas para andar. Esta é uma vida em que cada minuto conta, e cada pequeno esforço é remunerado com uma pequena descida, ou seja, um “balão de ar fresco”! Ah a vida!

Todos os dias a vida dá o ar da sua graça! Mas todos os dias dá também direito ao último suspiro… A vida anda de mão dada com a morte, e esta pode ser deveras cruel, de maneira que “quantas vezes não dei nem sequer tempo a que fizessem testamento, é certo que na maior parte dos casos lhes mandava uma doença para abrir caminho, mas as doenças têm algo de curioso, o seres humanos sempre esperam safar-se delas, de modo que só quando já é tarde de mais se vem a saber que aquela iria ser a última”. Porque será que os seres humanos se acomodam? Será possível sermos considerados inteligentes, se grande parte da população humana está cercada de maus hábitos, más condutas, maus exemplos? Será possível sermos inteligentes ao ponto de nos acomodarmos a uma vida sedentária, a uma vida sem rotina, a uma vida desregrada? Será? Estará o ser humano a evoluir, ou a regredir? Nos tempos que correm, é fácil olharmos para as estatísticas e darmos-nos conta que o mundo não está saudável, e muito menos os seres humanos! Para que serve sermos filósofos, orar sobre a vida, sobre o mundo, sobre os deuses, se não tomamos medidas para nos tornarmos em cidadãos do mundo, em seres inteligentes e saudáveis? Custará assim tanto pararmos um segundo das nossas vidas – dos nossos 100 metros ou do nosso corta-mato - e querer mudar de rumo? Estamos á beira de um colapso mundial, estamos perdidos no rumo que tomamos, é como eu já dizia, estamos todos perdidos no dicionário, á procura das palavras para um novo caminho, mas todas elas são palavras que nos guiam para as injustiças, são justificações ilícitas, feitas por seres humanos considerados inteligentes! Onde está a democracia? As boas virtudes do Homem? Foi tudo enterrado com a história? Onde estão os Homens com ideais, com garra e determinação?

A honestidade já não faz parte do dicionário do ser humano hoje em dia, infelizmente… O egoísmo tomou conta dos altos cargos, e de todas as cabeças pensantes. A ambição tornou-se a palavra de ordem, e atingir os fins sem olhar a meios é regra para todos aqueles que se querem afirmar como deuses, como Reis e patronos do Mundo. Já não chega o povo gritar, e espernear, nem fazer “birras”… O patamar está demasiado elevado, há que pôr mãos á obra! Lutar com unhas e dentes pelo que é nosso, sermos pessoas com carácter, com personalidade, afirmarmos-nos perante os outros como sendo uma pessoa inteligente e não como um fingidor, ser verdadeiro, e trabalhador! As subidas podem ser duras, mas não são eternas, quem sobe também desce, também respira e tira benefício da sua luta.

Está portanto entregue a cada um de nós a mudança para o chamado “mundo melhor”, como já foi dito vezes sem conta, se cada um de nós mudar-se a si para melhor, o mundo muda para melhor! A vida não é dura, nós é que somos moles… 

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Tão simples viver...

Ouço a água abraçar de manso a terra que se debruça nas profundezas da escuridão. Os montes e os vales, serpenteiam a paisagem, e delas nascem esbeltas molduras, caprichosas pinceladas de detalhes e esculturas quase moldadas á mão! O vento ténue, urge das montanhas fresco como o verde que as pinta, e como a água que as embebeda num doce balançar da corrente.

A pressa aqui não tem lugar, nem mesmo no coração que bate alegre dentro do peito. Tudo aqui é intocável, mas o paraíso nunca esteve tão próximo de mim... As cores segregam entre si, deixam que o Sol lhes traga a paixão que lhes dá a tonalidade, e deixam o vento espalha-las pelos cantos. É um festival, uma harmonia grotesca. Tão simples viver... Perfeita é a vida nestes momentos!
 Nos momentos em que nos deixamos absorver pela Natureza, e fluímos como o vento, como o sol e como a água, elementos tão naturais como o sangue que nos corre nas veias! É aqui, neste quase paraíso que me deixo mergulhar em mim mesma, e me deixo cativar pelo que há de mais simples na vida...