sábado, 4 de setembro de 2010

I

Não é todos os dias que nos deparamos com uma nova situação, quer dizer, sim, todos os dias nos deparamos com novas situações. Mas a situação a que me referia inicialmente, é o amor.
Não sei descrevê-lo. Apenas o sentimos. Não é algo que queiramos em certos momentos da nossa vida, mas ele simplesmente aparece sem dar explicações, e deixa-nos completamente, eu diria até, exageradamente sem palavras!
Foi o que me aconteceu. Sim... Apareceu do dia para a noite, sem dizer a ninguém... E foi de uma forma arrebatadora, simplesmente mágica. Um toque de dedos, um olhar, um arrepio pela espinha. E voilá...
Contudo, eu não estou aqui para contar a minha história de amor, ou como tudo começou... Eu estou aqui porque estou completamente desesperada, não sei que rumo dar á minha vida. Tudo está demasiado confuso na minha cabeça. Estou rodeada de tédio! Não sinto mais vontade de cantar, de me rir - até o meu riso se tornou monótono, e sem graça, está um riso mecânico, falso- perdi completamente o bom senso, e o humor, estou carrancuda e "velha".
Eu sei que dentro de mim, ainda existe algum charme, uma elegância pouco vulgar e um sorriso inocente e encantador; um olhar envergonhado, e uma inteligência excepcional. Porém, algo na minha mente mudou, o meu cérebro já não trabalha arduamente como outrora, está lento, como se de um computador do século passado se tratasse.
Gostava sem dúvida de me trazer alguma alegria, ser amada por mim própria, apaixonar-me por mim, sempre que me olhar no espelho. Eu não me estou a sentir segura, e isso está sem sombra de dúvidas a reflectir-se no meu relacionamento.

II

Quando conheci o meu amor, eu era uma rapariga simples, delicada, envergonhada, muito tímida, sentia-me pouco á vontade com rapazes, era uma rapariga decente, respeitadora e respeitada; uma boa filha, e preocupada com o seu futuro. Mas acima de tudo era muito sonhadora, até demais...
Os planos para a minha carreira eram demasiados. Tudo estava meticulosamente descrito na minha cabeça. Eu, como muitas miúdas, sonhava com o namorado perfeito, com a "primeira vez", com o casamento, com o nascimento dos filhos... ahhh com a casa, com os carros, com as festas... Realmente tudo iria ser perfeito como sempre desejei que fosse. Nada me parecia poder mudar de ideias.
Contudo, não estando á espera que ele aparecesse, ainda me pareceu mais maravilhoso. Típico de um conto de fadas. Que mais poderia querer que um amor á primeira vista?! Uma paixão explosiva, efusiva. O primeiro beijo, foi fugaz, roubado no canto dos lábios... Apesar de ter sido abençoado com minúsculas gotas de chuva, que decidiram refrescar os primaveris botões de rosas, soube a pecado. Foi simplesmente delicioso. Os que se seguiram, foram mais, como chamar-lhes?! talvez... humm, aventureiros, ah ah ah! Sim, aventureiros, pois foi a partir do beijo que o conheci melhor.
Ninguém, pelo menos eu penso que sim, davam mais que umas semanas de namoro. Contra todas a as expectativas, passaram-se meses... Mais precisamente quinze meses, com altos e baixos, é claro. Mas o que durante esta relação perdurou mais foi o meu sonho.
Depois de o ter conhecido, o meu sonho de menina, foi-se tornando mais verdade! Planeamos o nosso casamento, sonhamos com a nossa casa, com os nossos filhos, até chegámos a discutir com quem eles seriam parecidos... Todos estes sonhos, só aumentaram á minha fantasia, o que me tornou numa pessoa aérea, distraída. Em vez de me concentrar no que realmente interessava, passava horas a fio a sonhar com o futuro, que com ele eu iria passar.

III

Com todos os sonhos, esqueci-me do essencial. Esqueci-me de como era ser cuidadosa, carinhosa, de prestar atenção aos pormenores. Apenas o que se passava na minha cabeça era realidade, e a verdadeira realidade, o mundo real, não passavam de um pesadelo que eu constantemente queria acordar, e fugir.
Esses sonhos, tiraram-me vitalidade. Tiraram-me a percepção do que é a vida real. Agora, não me consigo ver daqui a cinco anos. Não sei que decisões tomar, sinto-me perdida no mundo. Já não consigo sonhar! Todos os planos desapareceram. Evaporaram com a neblina da manhã. Desvaneceram-se como gotas de orvalho...
Mas que vida é esta, que não me deixa sonhar?! Não tenho capacidade para responder...
Ahhh, como eu desejava não ter sido tão ingénua... Dizem que as pessoas normalmente crescem com os erros, e com os erros se tornam nos Homens de amanhã. Acredito nisso, e acredito mais ainda que é mais árduo perdoar a nós próprios que aos outros. Se não nos conseguimos perdoar, então como perdoaremos os outros? É exactamente a mesma coisa que se não nos amarmos a nós próprios, também não conseguiremos amar outra pessoa.
Estou sem dúvida alguma a passar a pior fase no meu relacionamento, o facto de me ignorar, esventra-me o coração. Mas para não me sentir inferior faço o mesmo. Tudo isto está mesmo a magoar-me. Não sei o que ele sente em relação a isto, mas eu cá estou com sérios problemas em dormir. Ele é dono do meu pensamento, tal como é dono das minhas forças, do meu corpo, da minha alma.
Ama-lo agora, é diferente.


É diferente porque agora, a sua presença vale mais do que qualquer palavra que ele possa dizer, vale muito mais que um beijo, ou um toque.
O amor agora é mais pacífico. O que me torna muito mais impaciente, pois eu adoro a loucura da paixão... Contudo, estou a aprender a conter-me e a abordá-lo com calma.
Sinto que estou a crescer... Mas porque está a demorar tanto?!
Cada vez tenho mais certeza que é ele o meu príncipe encantado. Amo-o acima de qualquer obstáculo, para além de qualquer horizonte.
Amo-o simplesmente...

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Mar salgado

Mar salgado
Frio, agitado.
Da maresia
Trazes a ventania
Que solta o meu cabelo.
Aqui, na praia.
De bandeira amarela,
Não se pode nadar.
Mas de barco á vela,
A esventrar pelo mar
As ondas vão-nos embalar.

30 de Agosto de 2010

Não mudes nem um fio de cabelo

Não mudes nem um fio de cabelo.
Grita ao mundo o que te entristece.
Não negues quando digo que és belo,
Fica comigo, enquanto anoitece.

Deixa-me descansar nos teus braços
Nesta noite quente de Verão.
Ficarei destroçada, em pedaços
Se, meu amor, me disseres não.

Permite-me que te adormeça.
Ver-te dormir, junto a mim.
Encosta bem a tua cabeça
E deixa-te ficar... assim...
12 de Agosto de 2010