Pego em fragmentos de palavras e tento juntá-las para que
formem algum sentido naquilo que me parece ser o meu pensamento. Está tudo tão
baralhado que não há forma de acabar com esta confusão. A música não ajuda a
encontrar significado nas silabas, e as fotografias só baralham ainda mais o
raciocínio. Os sentimentos discutem fervorosamente, e estão divididos pelo
coração e pelo cérebro. Parecem bêbados a palavrear o alfabeto pela boca fora.
Como podem estar tão atrofiados?
Neste momento, não consigo pensar ou ate mesmo decifrar o
meu batimento cardíaco. Tenho pressa de chegar a uma conclusão, mas nada em mim
coopera com a minha vontade, tudo em mim entrou em greve desde o momento que
fui deixada sozinha. Ou pelo menos, desde o momento que deixei de sentir que
estava acompanhada fosse por quem fosse. Sinto-me sozinha até nos meus sonhos,
aqueles que tenho á noite, e aqueles que tenho durante o dia…
O choro demora a aparecer, mas vontade não falta, estou tão cansada de estar aqui sem fazer nada, de querer fazer algo e não poder, de
querer fugir para o isolamento profundo da alma… agora é mais fácil chorar… eu
quero isolar-me mas tenho medo do isolamento. Isto mata! Mata a capacidade para
raciocinar correctamente.
Não estás sozinha.
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